Uma Exploração de Comunidades Sustentáveis na América Latina.
Enquanto nos assentamos mais na vida em Serra Grande - Bahia ficamos felizes com a chance de pegar a estrada um pouquinho e viajar para Salvador para o Fórum Social Mundial 2018!
Resistir é criar, resistir é transformar
O Fórum Social Mundial é um grande evento que na edição de 2018 reuniu mais de 80.000 ativistas de 120 países e diferentes áreas da sociedade para dialogar, compartilhar suas histórias e redes para novos modelos alternativos ao capitalismo. Mais de 2000 oficinas e atividades aconteceram em apenas 5 dias, desde grandes passeatas e protestos até conversas íntimas e sessões de alianças e estratégias.
Com a visão de que “Outro mundo é possível”, a primeira edição foi realizada em Porto Alegre, Brasil, em 2001, expondo os problemas da globalização e do capitalismo de livre mercado e destacando os diversos esforços e movimentos ao redor do mundo que buscam alternativas pra esse modelo. Ao longo dos anos, o evento recebeu 12 edições planetárias (muitas delas no Brasil) e muitas dezenas de outros eventos menores, que provocaram muitas ações, alianças e movimentos em prol da justiça social e ambiental.
Leticia é de Porto Alegre e fez parte dos primeiros anos do FSM, participando do evento em 2001, 2002, 2003 e 2005. Com Común Tierra também participamos de uma versão do Fórum Social Mundial na Grande Porto Alegre, em janeiro de 2010, quando nos preparávamos para o lançamento da viagem. Depois o Común Tierra também ofereceu uma atividade durante o Fórum Social Mundial Temático em Porto Alegre em 2016.
Por isso, foi bom reconectar a esse Encontro e oferecer outro espaço para explorar os trabalhos que o Común Tierra desenvolveu, compartilhando aprendizados dos últimos anos.
Oficina Común Tierra
Facilitamos um workshop de duas horas em um dos campus da Universidade Federal da Bahia, coração do fórum. Começamos falando sobre o Común Tierra e depois nos conectamos com as redes CASA Latina e a GEN (Rede Global de Ecovilas), compartilhando brevemente nossas experiências trabalhando nessas duas redes mais amplas do movimento de assentamentos sustentáveis.
Depois de assistir a alguns vídeos, apresentamos um pouco da estrutura holística que as Ecovilas desenvolveram para projetar comunidades sustentáveis, usando as 4 dimensões da sustentabilidade no modelo desenvolvido pela Gaia Education. Fizemos várias dinâmicas relacionadas as quatro dimensões e sua interconexão, e no final analisamos o Fórum Social Mundial para identificar pontos fortes e fracos na estrutura e conteúdo do evento. Parte disso foi capturado em um diagrama improvisado:
Nossa oficina atraiu um grande grupo, e parecia que ninguém queria parar quando a oficina acabou - sempre um bom sinal!
O resto do FSM esteve cheio de atividades, e nós tivemos que equilibrar o tempo para nossa pequena Anahí com a agenda lotada do evento. Alguns dos destaques de participação incluem a marcha de abertura, Assembléia Mundial das Mulheres, Lançamento da Aliança Eco-Socialista da América Latina e a conexão com o movimento de moedas alternativas na Bahia e no Brasil em geral.
O assassinato de Marielle Franco
Um dos eventos mais alarmantes ocorridos durante o Fórum não foi em Salvador, mas no Rio de Janeiro, onde a política e ativista de direitos humanos Marielle Franco foi assassinada. Marielle seria uma das expoentes no Fórum, que chegaria no dia seguinte ao que foi assassinada. Sua morte provocou protestos e ações dentro do Fórum (como uma marcha e manhã de luto) e também ao redor de todo país, para expressar indignação e pressionar por justiça e investigações.
Com o lema "resistir é criar, resistir é transformar" o Fórum Social Mundial 2018 celebrou a resistência que esse espaço têm e como está vivo e segue desempenhando um papel fundamental no processo de construção de novos paradigmas. O Fórum é um dos únicos espaços globais para os movimentos sociais compartilharem suas propostas alternativas para essa grande crise global que enfrentamos. Como as principais instituições políticas e econômicas continuam a oferecer apenas "mais do mesmo", as vozes e a resistência dos movimentos sociais e grupos de base são mais importantes do que nunca. Adelante!
(O próximo país a sediar o Fórum será definido até o final de maio 2018, na lista de possibilidades está Suiça, Portugal, México e Brasil).
Seguimos em contato!
Ryan, Leti e Anahí