Uma Exploração de Comunidades Sustentáveis na América Latina.
Como vão amigos? Nós muito bem!
Resgatamos aqui post sobre El Salvador que queríamos escrever, mas as andanças deixaram pra trás então queremos dividir!
Aqui estávamos nós pelo mês agosto, seguindo em nossa viagem pelas Américas... Depois de passar por longas horas esperando por burocracias na fronteira da Guatemala, chegamos por fim em El Salvador, era nosso terceiro país da viagem!
Sendo muito bem recebidos por uma população amável e sempre disposta a ajudar, tivemos lindos dias por essas terras, fazendo bons amigos e visitando interessantes projetos. Nossa curta estadia de algumas semanas também nos possibilitou aprender um pouco mais da realidade desafiadora que esse pais vive atualmente.
Vista do Lago Coatepeque em Cratera Vulcânica
Divisa entre Guatemala, Honduras e Nicarágua, El Salvador, é menor país da América Central, com bonitas terras recortadas por baías do pacífico e lagos em crateras vulcânicas. Ainda que pequeno, é berço de grandes desafios sócio-ambientais que refletem muitas das conseqüências do nosso sistema capitalista.
Considerado pela ONU um dos países em maior índice de vulnerabilidade do mundo, atualmente já sente efeitos reais do cambio climático, somados um baixo nível de insuficiência alimentar, má distribuição de renda e assutadores índices de violência.
Assim como muitos países da América Central, sua posição entre divisões de placas tectônicas, lhe confere uma sensibilidade a desastres ambientais somatizadas diante do cambio climático e de seu sistema de deforestação avassalador. Por apresentar apenas somente 1% de sua floresta nativa, o país sofre muito nas épocas de seca e com suas intensas mudanças climáticas vem apresentando grandes perdas de safras na agricultura. Além disso uma rápida subida de oceanos (em algumas áreas são mais de 30 metros), representa um atual risco para sua população costeira.
Com uma extensa região vulcânica seus solos férteis deveriam favorecer muitos cultivos, mas as gigantes monoculturas para exportação que usam químicos abusivamente tiram além da fertilidade do solo, o espaço para semear o que os Salvadorenhos comem. Como consequência o país necessita importar 85% dos alimentos que consome, sendo excessivamente dependente dos países vizinhos. O resultado é a existência de uma cultura campesina fragilizada, que cansada vai buscando oportunidade na insustentável e violenta San Salvador (que concentra mais de 50% da população do país e tem um dos maiores índices de homicídios do mundo).
Dentro desse contexto, visitamos CESTA e Instituto de Permacultura de El Salvador, dois projetos muito bonitos que vem ao longo de anos lutando pelo desenvolvimento uma vida mais sustentável no país.
CESTA (Centro El Salvadorenho de Tecnologias Apropriadas) há mais de 30 anos realiza práticas de denúncias ambientais, trazendo consciência sobre os riscos do cambio climático e gerando atenção pública sobre empresas e governos com práticas exploradoras. Ao mesmo tempo, apóia a população com cursos de formação gratuita em áreas como saúde, nutrição e alimentação, medicina natural, tecnologias limpas e permacultura.
La Tirana, uma das comunidades apoiadas por CESTA
Já o IPES (Instituto de Permacultura de El Salvador) através da sua rede de campesinos fomenta sistemas de agricultura sustentáveis: oferece formação contínua gratuita para agricultores na área de permacultura, apóia a criação de bancos de semente crioulas e ativa sistemas de informação de agricultura sustentável. Ajudando o país a desenvolver uma maior soberania alimentar, valorizando o papel do campesino.
Algumas variedades de milho cultivadas em IPES
São dois exemplos e seguramente existirão outros, porque obviamente não somente de desafios vive o país. Encontramos em nossa visita muitos lugares lindos, belezas naturais, bonitos povoados, deliciosas pupusas (comida típica local) que sempre saboreamos com água fresca dos seus infindáveis coqueiros.
Delicioso côco de uma palmeira que vem produzindo mais de 80 frutas por mês!!
Encontramos muito mais que paisagens, mas uma população amável e receptiva, sempre disposta a ajudar, mostrando-nos como sua alegria e força enfrentam esses desafios.
Um exemplo disso foi nosso primeiro dia no país: nosso carro estragou no meio da estrada mas em dois minutos tínhamos mais de 10 pessoas tentando ajudar-nos que prontamente ajudaram a trazer um mecânico de confiança. Resolvemos nosso problema em 15 minutos.
Ou quando perdidos pela noite buscamos um lugar seguro para estacionar e encontramos a hospedagem de um amável senhor Iván, que fez o possível para ajudar-nos todo o tempo que estivemos lá. Desde oferecer-nos deliciosas águas de côco pelas manhãs, dar-nos infinitas caronas e muitas informações, Iván nos apresentou muito de sua família e do seu país, sendo um grande amigo que deixará saudade.
Nós e Ivan no pequeno povoado de Tamanique
Realistas sobre as dificuldades e comovidos com esse tipo de cultura amiga e comunitária guardamos os melhores votos de abundância a uma terra pequena mas que com grandes braços nos recebeu.
En Paz,
Leti e Ryan