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Ecuador Começa: Troca de Sementes Artesanato, Comércio Justo e Turismo Comunitário!

Postado há 12 anos
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Ryan e seu Pai, em caminhada a uma Cachoeira de Intag Ryan e seu Pai, em caminhada a uma Cachoeira de Intag
Pepino, fruta típica daqui (o sabor é uma mistura de maça e pepino) Pepino, fruta típica daqui (o sabor é uma mistura de maça e pepino)
Leti trocando sementes no mercado orgânico Leti trocando sementes no mercado orgânico
Mural na Escola de El Rosal Mural na Escola de El Rosal

Bem-vindo ao Equador!

Depois de uma longa viagem através dos campos de cana do Vale do Cauca na Colômbia, e passando por belas paisagens montanhosas do deserto, passamos pela fronteira Colômbia-Equador com muita facilidade ... que surpresa mais agradável! Já em território Equatoriano dirigindo uma estrada (extremamente bem-mantida!), a noite foi caindo em torno de nós. Paramos num posto de gasolina para dormir e no dia seguinte chegamos até Otavalo, pequena cidade conhecida como o centro de artesanato do Equador, famosa pelo seu sabatino mercado de animais e de artesanato, onde por pura casualidade, quando paramos numa pequena cafeteria na praça principal, descobrimos que na cidade tem um Camping para Motorhome! Coisa que quase não víamos desde a Guatemala!! Que bom...

Equador é um país com predominância indígena, e Otavalo é território Kichwa (ou quíchua), povo que abrange uma diversa gama dos Andes da Colômbia até à Argentina. Os Kichwa são descendentes dos incas, e muitos de seus assentamentos modernos estão em áreas que eles vêm habitando por milhares de anos. Ainda que a modernidade tenha certamente chegado na área, ainda é terra indígena, e nós, em meio a tantos vulcões, lagos e montanhas, sentimos junto a esse povo uma energia ancestral no ar.

Durante a nossa primeira caminhada através de Otavalo, descobrimos o mercado orgânico “La Feria Imbabio”, que passa nas manhãs de sábado, organizado por pequenos agricultores indígenas das aldeias vizinhas. Assim como deve ser!

Aqui estamos na Feira ... Letícia está trocando sementes orgânicas com ambos os vendedores do mercado e visitantes. Na parte de trás ao lado direito é o pai de Ryan, Paul, que veio da Califórnia para nos visitar :)

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Mais sementes!

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A Feira é completamente popular e organizada pelos próprios vendedores, que tomam decisões em conjunto sobre como organizar o mercado. Enquanto estávamos realmente satisfeitos por encontrá-lo, ficamos surpresos ao observar que além de nós, nenhum turista veio à Feira, uma oportunidade perdida, tanto para os vendedores da Feira quanto aos turistas alheios a poucos quarteirões de distância.


O Artesanato de Mercado

A maioria dos turistas vêm para Otavalo por seus artesanatos, porque aqui os artesanatos coloridos do Equador são misturados com alguns materiais importados do Peru, Bolívia, e até mesmo Colômbia. No entanto, a maioria dos itens à venda são produzidos localmente com uma variedade impressionante de padrões e texturas que podem ser admiradas em um passeio pela cidade.

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Redes e ponchos acima ...

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Estas são cuias (ou porongos) que foram queimadas para produzir os tons diferentes, e as figuras foram talhadas à mão com uma faca.

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Pinturas de Otavalo, as montanhas circundantes e aldeias

 

Bons exemplos: turismo comunitário

Depois de alguns dias desfrutando mercados de Otavalo e os rostos indígenas andando pelas ruas, fomos rumo ao Oeste na região de Intag, lar de belas montanhas e vários projetos de turismo comunitário.

Turismo de base comunitária refere-se a projetos de turismo onde os visitantes são convidados a uma comunidade, e os locais compartilham atividades e serviços como alimentação e alojamento de uma forma que considerem harmoniosa com sua própria cultura e tradição. Os membros da comunidade decidem como e de qual maneira os turistas podem interagir com suas comunidades. Esses projetos, muitas vezes encontrados em zonas rurais, freqüentemente envolvem projetos educacionais que utilizam materiais e recursos locais para criar uma base econômica para a comunidade local, ao mesmo tempo em que ensinam uma habilidade prática para os visitantes.

Nós visitamos dois projetos desse tipo na região Intag, cada um dirigido por mulheres, que com base na transformação artesanal de materiais locais foram crescendo na forma de bens comercializáveis.

O primeiro projeto que visitamos está localizado na pequena comunidade de El Rosal, onde uma cooperativa de mulheres que produz produtos de higiene pessoal naturais com base em Babosa (Aloe Vera) cultivadas em seus jardins.
 

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"Bem-vindo a El Rosal, casa de amigos, pessoas felizes e empreendedoras onde a natureza acaricia os seus sentidos."

A cooperativa foi criada por uma parceria com uma fundação espanhola de 10 anos atrás. Em uma vila de 11 famílias, 10 mulheres já participaram ao longo dos anos na produção de sabonetes, xampus, cremes e loções com base de Aloe Vera combinados com outras plantas locais. Os produtos utilizam a quantidade mínima de ingredientes processados.

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Leonila nos explica o processo desde a colheita até a preparação do Aloe para produzir sabão e shampoo.

A cooperativa está criando um modelo de pequeno negócio como alternativa para as comunidades locais com Aloe Vera cultivados organicamente nos seus quintais. Ao mesmo tempo, as mulheres são capacitados através de seu próprio processo criativo, e através da gestão geram um pequeno salário, que para as mulheres em comunidades rurais do Equador é algo difícil .

Depois de aprender sobre os sabonetes e comprar alguns para nossa casa, fizemos um rápido passeio pelos jardins Leonila, que foram surpreendentemente diversos... existe claramente um toque de permacultura intuitiva na família.

Essa experiência mostra um exemplo claro de como esse tipo de projeto pode beneficiar a comunidade local através do estímulo em escala saudável de pequenas organizações econômicas, mas também como essa pode ser uma experiência rica para os visitantes, tanto em aprender uma nova habilidade, quanto na formação de uma relação com os seus anfitriões. Gracias Leonila e El Rosal!

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Leti e Ryan com a Dona Leonilda

 

Cabuya (Agave) Artesanato em Plaza Gutierrez

Na Plaza Gutierrez, um par de horas de distância, há um outro projeto de turismo de base comunitária centrado em duas cooperativas de mulheres, esse trabalha no processamento e produção de artesanato com Cabuya ou cacto de agave. As cooperativas Mujer y Medio Ambiente (Mulher e Meio Ambiente) e Flor de Choco cultivam a cabuya em torno do povoado e nas colinas, e rotam as colheitas em diferentes áreas para garantir que elas sempre tenham colheitas. A cabuya passa através de vários passos de processamento antes de chegar no produto final...

Uma das nossas anfitrionas, Vulma, nos mostra os primeiros passos na preparação da Cabuya:

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Depois de ter sido parcialmente descascada com uma faca, a Cabuya é passada por uma máquina que separa as fibras em tira, e as fibras são postas a secar ao sol, como visto na foto abaixo:

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Durante nossa visita encontramos o campo de futebol da cidade cheio de Cabuya colhida no dia anterior...

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Paul e Letícia dando uma conferida...

Depois de seca, a Cabuya passa por um processo de coloração com corantes naturais utilizando plantas da região, e depois vai para outra aldeia vizinha, onde mesclam as fibras em seqüência fazendo o fio já pronto para artesanato. Nesse momento é trazido de volta à Plaza Gutierrez, onde mulheres tecem lindas bolsas, chapéus, cintos, frisbies, peças de mesa, tapetes, etc...

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Aqui está Letícia com 6 mulheres da cooperativa, mostrando seu novo chapéu de Cabuya!

No caso das cooperativas de Cabuya, nenhum financiamento externo foi usado para iniciar o projeto. As mulheres começaram com a ajuda de uma amiga que as treinou, e pouco a pouco, investindo seu tempo e energia no trabalho, vêm seu pequeno negócio crescendo de forma sustentável. A cooperativa integra agora 43 mulheres da Plaza Gutierrez e um casal da vizinhança das cidades.

No momento, estamos coordenando para ver se podemos voltar a Plaza Gutierrez para filmar todas as etapas de produção e compartilhar esse trabalho maravilhoso com o mundo.

Para mais informações sobre o turismo de base comunitária em Intag, ou para marcar uma visita a essas comunidades, visite o escritório “La Casa de Intag” em Otavalo.

É comovente encontrar essas organizações que se formam em pequenas comunidades isoladas aqui no Equador... Que melhor maneira de fazer turismo do que construindo relacionamentos com as comunidades locais ao aprendendo habilidades que promovam a auto-suficiência e sustentabilidade?

Vamos mantendo vocês informados com outros bons exemplos que encontramos nos próximos meses...

Por enquanto, bênçãos do Equador!

Paz,

Ryan e Leti
 

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